sábado, 30 de janeiro de 2021

Encontro com a poesia

Os paraísos artificiais Na minha terra, não há terra, há ruas; mesmo as colinas são prédios altos com renda muito alta. Na minha terra, não há árvores nem flores. As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês, e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores. O cântico das aves - não há cânticos, mas só canários de 3.ºandar e papagaios de 5.ºandar. E a música do vento frio nos pardieiros. Na minha terra, porém, não há pardieiros, que são todos na Pérsia ou na China, ou em países inefáveis. A minha terra não é inefável. A vida na minha terra é que é inefável. Inefável é o que não pode ser dito. Jorge de Sena, 1950

"Festa da vida..."

Que venha o sol o vinho e as flores Marés, canções de todas as cores Guerras esquecidas por amores; Que venham já trazendo abraços Vistam sorrisos de palhaços Esqueçam tristezas e cansaços; Que tragam todos os festejos E ninguém se esqueça de beijos Que tragam pendas de alegria E a festa dure até ser dia; Que não se privem nas despesas Afastem todas as tristezas Pão vinho e rosas sobre as mesas; Que tragam cobertores ou mantas E o vinho escorra p'las gargantas E a festa dure até às tantas; Que venham todos de vontade Sem se lembrarem de saudade Venham os novos e os velhos Mas que nenhum me dê conselhos! Que venham todos de vontade Sem se lembrarem de saudade Venham os novos e os velhos Mas que nenhum me dê conselhos! A festa da vida Música: Carlos Mendes Letra:José Niza

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Revolta de 31 de Janeiro, Porto


Breve História sobre a Revolta de 31 de Janeiro, Porto

No dia 31 de Janeiro de 1891, a cidade do Porto assistiu à revolta militar contra as cedências do Governo (em regime de monarquia) ao ultimato britânico de 1890, por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique. Os Principais responsáveis pelo levantamento militar foram, o Capitão António Amaral Leitão, o Alferes Rodolfo Malheiro, o Tenente Coelho, o Dr. Alves da Veiga, o Actor Verdial e Santos Cardoso, para além de outras figuras ilustres da época (Aurélio da Paz dos Reis, Basílio Teles, Sampaio Bruno e João Chagas).
Na madrugada de 31 de Janeiro, o Batalhão de Caçadores nº 9 comandado por sargentos, dirige-se para o Campo de Santo Ovídio, actualmente Praça da República, para juntar-se a outros regimentos e forças militares. O Batalhão vai ao encontro do grupo de Alferes Malheiro, do Regimento de Infantaria 10, liderado pelo Coronel Coelho e da companhia da Guarda Fiscal. O Regimento de Infantaria 18, fica retido pelo Coronel Meneses de Lencastre, que demonstra a sua neutralidade perante o movimento revolucionário.
Os revoltosos seguem pela Rua do Almada e vão para a Praça de D. Pedro, hoje Praça da Liberdade. Nesse mesmo local em frente do antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, assistem ao discurso de Alves da Veiga para proclamar o Governo provisório da República, e hastear uma bandeira vermelha e verde. Estava instalada a euforia, havia foguetes e fanfarras, as pessoas davam vivas à República. Após o discurso de Alves da Veiga, as forças militares e alguns civis subiram pela Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com a finalidade de tomar a estação de Correios e Telégrafos. O movimento revolucionário sofre um rude golpe. A Guarda Municipal, posicionada na escadaria da Igreja de Santo Ildefonso, com a sua artilharia, travou os intentos dos revoltosos. Terão morrido 12 revoltosos e feridos foram aproximadamente 50.
A revolta não teve o sucesso esperado.Os revoltosos foram levados e julgados em Conselhos de Guerra. Assim foram julgados 505 militares e alguns civis. As penas variaram de 18 meses e 15 anos de prisão para os responsáveis desta revolta.
Por isso, e no momento que foi implantada a República (5 de Outubro de 1910), em homenagem à revolta de 31 de Janeiro de 1891, a Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua 31 de Janeiro.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Cravo Abril

O 25 de Abril é importante  foi a vitória da democracia sobre a ditadura do Estado Novo. Hoje vivemos em liberdade de pensamento e  é necessário responsabilidade e respeito pelos direitos e deveres de cada um de nós.


Breve História

Com a queda da monarquia entre 1910 e 1926 nasce a 1ª Republica. Foi um período bastante agitado no quotidiano do nosso país. Essa situação proporcionou que a 28 de Maio de 1926, os Generais Gomes da Costa e Mendes Cabeçadas, impusessem em Portugal uma ditadura militar a mesma limitou-se a tentar impedir a agitação social. No ano de 1928 tomou posse um Governo do qual fazia parte o ministro das Finanças, António de Oliveira Salazar. Político de ideias fixas, veio a tornar-se em “senhor absoluto” de Portugal, concretamente, a partir de 1932. Ano em que assumiu o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, ou seja, primeiro-ministro. Formou um regime ditador, foi o período do Estado Novo. Salazar concentrou nas suas mãos todo o poder e proibiu a formação de partidos políticos. Apenas só eram eleitos os Deputados para a Assembleia Nacional, estes por sua vez inscreviam-se na única organização política (União Nacional) que era a organização política permitida Eram tempos difíceis, pois era perigoso falar de política em público. Quem tivesse ideias contrárias às do regime era perseguido, chegando em muitos casos a ser preso pela polícia do Estado, a PIDE – Polícia Internacional de Defesa do Estado. Aos seus agentes chamavam-se “Os Bufas”. Estes denunciavam, os amigos, os vizinhos e até os próprios familiares. A população vivia com medo e calava-se. Os mais audazes enfrentavam o regime. Tiveram consequências negativas, muitos perderam os seus empregos. Estamos no ano de 1958, o General Humberto Delgado concorre às eleições para a presidência República. Candidato da oposição, que teve a coragem de afirmar numa entrevista que se fosse eleito demitia Salazar do poder, onde ficou celebre a frase “Obviamente demito-o”. Consta que chegou a ganhar as eleições, mas mais uma vez a forte arrogância do regime falseou os resultados. Fugiu para o estrangeiro, viria a ser morto em Espanha por agentes da PIDE. 1960-1974 Os militares perante a situação de descontentamento da população portuguesa, num regime de opressão e de censura e na condição beligerante, com as colónias, resolveram que o dia D seria no dia 25 de Abril. É necessário relembrar que a 16 de Março de 1974 deu-se início "Ao golpe das Caldas". Tentativa de golpe de Estado que fracassou, mas foi o ensaio para o 25 de Abril.

No dia 24 de Abril, às 22h55 em ponto, a Rádio Emissores Associados de Lisboa passou a canção “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, senha que não despertou grande suspeita. Era o sinal combinado, e que significava para estarem prontos. Assim às 24h25, de 25 de Abril, foi a vez de a Rádio Renascença entrar em acção. A nova senha foi a transmissão de “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso, esta canção não tinha sido proibida pela censura. Da Escola Prática de Cavalaria de Santarém saiu uma coluna militar em direcção a Lisboa. Esta coluna era comandada pelo Salgueiro Maia um dos Capitães de Abril. Estava tudo de tal forma organizado que às 03h00, o grupo que estava encarregue de tomar a RTP teve grande sucesso. Às 04h30 os pontos mais importantes estavam todos controlados inclusive o aeroporto de Lisboa. Os ministros e as autoridades relacionadas com o regime reuniram-se no Ministério do Exército, edifício que ficava no Terreiro do Paço. Através das janelas viam as movimentações de rua. Estavam na expectativa e necessitavam de ajuda das unidades do regime. Para sua protecção fizeram um buraco na parede, fugiram pelas traseiras. O primeiro-ministro Marcello Caetano e membros do Governo refugiaram-se no quartel do Carmo. Os militares revoltosos estavam a ganhar terreno e tudo corria conforme o planeado. A situação estava sob controlo, era uma questão de tempo, a rendição de Marcello Caetano. A notícia espalhou-se rapidamente pela população, que em euforia festejava nas ruas, e distribuíam aos soldados cravos, que colocavam nas armas.


Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade (…)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Perspectivas e Momentos

Perspectivas, porque posso visualizar um lugar ou monumento de várias maneiras, de frente, de lado, ao longe, ao perto, de dia...
Momentos, é um momento único de captar o que vejo, mas também pode ser colectivo, porque é aquilo que quero mostra-vos. E imaginem que esses monumentos ou lugares, são repletos de história e cultura, inerente ao património humano.
Igreja do Bonfim, Porto















sábado, 15 de setembro de 2012

10 de Junho: Dia de Portugal, Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas

Uma bandeira um símbolo


A seguir à implantação da República em Portugal, 5 de Outubro de 1910, a Bandeira Portuguesa, como a conhecemos foi instituída em Novembro de 1910.
Simbologia:




Verde: O verde simboliza as nações que são guiadas pela ciência. Na versão popular simboliza a esperança no futuro.



Esfera armilar: Emblema do rei D. Manuel I (1469 -1521) e que desde então esteve sempre presente nas bandeiras de Portugal. Simboliza o universo e a vocação universal dos portugueses. Na versão popular simboliza os descobrimentos portugueses.
Escudo: O Escudo de Armas remete para a fundação de Portugal. Simboliza a afirmação da cultura ocidental no mundo, e em particular dos seus valores cristãos. Os castelos e as quinas evocam conquistas, vitórias e lendas ligadas à fundação de Portugal por D.Afonso Henriques (1109-1185).



Vermelho rubro: O vermelho é a cor das revoluções democráticas desde o século XVIII percorreram a Europa, como a revoluções de 1848, a Comuna de Paris (1871) ou a revolução republicana em Portugal de 31 de Janeiro de 1891. Simboliza a luta dos povos pelos grandes ideais de igualdade, fraternidade e liberdade. Na versão popular simboliza os sacrifícios do povo português ao longo da sua história.


domingo, 17 de junho de 2012

Noitadas

S.João
S.João não é santo casamenteiro,        
É santo popular,                                   
No Porto e no Rio de Janeiro              
Faz o povo bailar                                

Mas que festa é esta,                            
Interroga o forasteiro,                         
Emoção tem pela certa                                                                                        
Sem gastar muito dinheiro                                  

Raparigas solteiras
Este não é o vosso santo,
É o santo das fogueiras
Para vosso espanto

Não rezes na noite de S.João,
Caldo verde e sardinhas
Vão ser a sensação, 
Na noite de poucas falinhas


A rapariga solteira
Pede a S.João,
Um rapaz com maneira
Que lhe abra o coração


Alho-porro na mão
Dou a cheirar às raparigas,
Elas pedem a S.João
Que me mande às urtigas


Orvalhada de S.João,
Abençoada é a madrugada,
Numa bola de sabão
Vejo felicidade alcançada


Mulher casada
Na noite de S.João,
É Mulher abençoada
Na mão do marido folião


Este ano S.João
Convidou Santo António,
A noite será de emoção
E não de peditório


As raparigas solteiras,
Na noite de S.João,
Têm boas maneiras
E um bom coração

sábado, 14 de abril de 2012

Abril

Palavras soltas

Abril liberdade
Liberdade Abril
Fraterno sentimento
Abraço amigo

Liberdade Abril
Prisão sem razão
Censura terminada
Livre pensamento

Abril liberdade
Boca que não se cala
Palavra solta
Revolta gritada

Liberdade Abril
Amarra arrancada
Madrugada nossa
Unido Povo

Abril liberdade
Mulher emancipada
Olhar de criança
Conquistado cravo


Abril...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Analogias

100 anos após a tragédia do Titanic

Comparar este acontecimento trágico, com a União Europeia, é pela prepotência humana, em não admitir, que Titanic se afundava.

Por onde navega a União Europeia? Que icebergue irá afundar a União Europeia?

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Bloco de notas

O 25 de Abril de 1974, é uma data para recordar. Foi a vitória da democracia, sobre a ditadura do Estado Novo. Hoje vivemos em liberdade de pensamento e liberdade de expressão. Para alcançarmos a democracia, é necessário responsabilidade e respeito pelos direitos e deveres de cada um de nós.
Breve HistóriaCom a queda da monarquia constitucional, entre 1910 e 1926 nasce a 1ª Republica. Foi um período bastante agitado no quotidiano do nosso país. Esta situação, faz com que, em 28 de Maio de 1926, os Generais Gomes da Costa e Mendes Cabeçadas, impusessem em Portugal uma ditadura militar. A mesma limitou-se a tentar impedir a agitação social. No ano de 1928, tomou posse um Governo do qual fazia parte o ministro das Finanças, António de Oliveira Salazar. Político de ideias fixas, veio a tornar-se em “senhor absoluto” de Portugal, concretamente, a partir de 1932. Ano em que assumiu o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, ou seja, primeiro-ministro. Formou um regime ditador, foi o período do Estado Novo. Salazar concentrou nas suas mãos todo o poder e proibiu a formação de partidos políticos. Apenas só eram eleitos os deputados para a Assembleia Nacional. Estes por sua vez, inscreviam-se na única organização política (União Nacional), que era a organização política permitida. Eram tempos difíceis, pois era perigoso falar de política em público. Quem tivesse ideias contrárias às do regime, era perseguido, chegando em muitos casos a ser preso pela polícia do Estado, a PIDE – Polícia Internacional de Defesa do Estado. Aos seus agentes chamavam-se “Os Bufas”. Estes denunciavam, os amigos, os vizinhos e até os próprios familiares. A população vivia com medo e calava-se. Os mais audazes enfrentavam o regime. Tiveram consequências negativas, muitos perderam os seus empregos. Estamos no ano de 1958, o General Humberto Delgado concorre às eleições para a presidência República. Candidato da oposição, que teve a coragem de afirmar numa entrevista, que se fosse eleito, demitia Salazar do poder, onde ficou celebre a frase “Obviamente demito-o”. Consta que chegou a ganhar as eleições, mas mais uma vez a forte arrogância do regime falseou os resultados. Fugiu para o estrangeiro. Foi morto em Espanha por agentes da PIDE. 1960-1974 - Algumas chefias do exército português estavam desconfiadas e mostravam-se descontentes, com a guerra do ultramar. Os militares perante o descontentamento da população portuguesa, num regime de opressão e de censura e na condição beligerante, com as colónias, resolveram que o dia D seria no dia 25 de Abril. É necessário relembrar que a 16 de Março de 1974, deu-se início "Ao golpe das Caldas". Tentativa de golpe de Estado que fracassou, mas foi o ensaio para o 25 de Abril.
No dia 24 de Abril, às 22h55 em ponto, a Rádio Emissores Associados de Lisboa passou a canção “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, senha que não despertou grande suspeita. Era o sinal combinado, e que significava para estarem prontos. Assim às 00h25, de 25 de Abril, foi a vez da Rádio Renascença entrar em acção. A nova senha foi a transmissão de “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso, esta canção não tinha sido proibida pela censura. Da Escola Prática de Cavalaria de Santarém saiu uma coluna militar em direcção a Lisboa. Esta coluna era comandada pelo Salgueiro Maia, um dos Capitães de Abril. Pelas 03h00 um grupo de soldados tomou a RTP com sucesso. Às 04h30 os pontos mais importantes estavam todos controlados, inclusive o aeroporto de Lisboa. Os ministros e as autoridades relacionadas com o regime reuniram-se no Ministério do Exército, edifício que ficava no Terreiro do Paço. Através das janelas viam as movimentações de rua. Estavam na expectativa e necessitavam de ajuda das unidades do regime. Para sua protecção fizeram um buraco na parede, fugiram pelas traseiras. O primeiro-ministro Marcello Caetano e membros do Governo refugiaram-se no quartel do Carmo. Os militares revoltosos estavam a ganhar terreno e tudo corria conforme o planeado. A situação estava controlada, era uma questão de tempo, a rendição de Marcello Caetano. A notícia espalhou-se rapidamente pela população, que em euforia festejava nas ruas e distribuia aos soldados, cravos que os mesmos colocavam nas armas.


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade (…)

Encontro com a poesia

Os paraísos artificiais Na minha terra, não há terra, há ruas; mesmo as colinas são prédios altos com renda muito alta. Na minha terra, ...