sábado, 30 de janeiro de 2021

Encontro com a poesia

Os paraísos artificiais Na minha terra, não há terra, há ruas; mesmo as colinas são prédios altos com renda muito alta. Na minha terra, não há árvores nem flores. As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês, e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores. O cântico das aves - não há cânticos, mas só canários de 3.ºandar e papagaios de 5.ºandar. E a música do vento frio nos pardieiros. Na minha terra, porém, não há pardieiros, que são todos na Pérsia ou na China, ou em países inefáveis. A minha terra não é inefável. A vida na minha terra é que é inefável. Inefável é o que não pode ser dito. Jorge de Sena, 1950

"Festa da vida..."

Que venha o sol o vinho e as flores Marés, canções de todas as cores Guerras esquecidas por amores; Que venham já trazendo abraços Vistam sorrisos de palhaços Esqueçam tristezas e cansaços; Que tragam todos os festejos E ninguém se esqueça de beijos Que tragam pendas de alegria E a festa dure até ser dia; Que não se privem nas despesas Afastem todas as tristezas Pão vinho e rosas sobre as mesas; Que tragam cobertores ou mantas E o vinho escorra p'las gargantas E a festa dure até às tantas; Que venham todos de vontade Sem se lembrarem de saudade Venham os novos e os velhos Mas que nenhum me dê conselhos! Que venham todos de vontade Sem se lembrarem de saudade Venham os novos e os velhos Mas que nenhum me dê conselhos! A festa da vida Música: Carlos Mendes Letra:José Niza

Encontro com a poesia

Os paraísos artificiais Na minha terra, não há terra, há ruas; mesmo as colinas são prédios altos com renda muito alta. Na minha terra, ...